Amigo oculto não convencional é mesmo uma grande pegadinha. Eu havia comprado um cd de Ana Carolina pensando na minha amiga Luciene, que por sua vez, havia comprado o de Elis Regina pensando em outra amiga. Resultado: nem Luciene terminou com o cd de Ana Carolina, nem Suellen com o de Elis, que acabou caindo nas minhas mãos. Nunca fui chegado nas canções de Elis Regina, mas achei interessante ter ganhado um presente que eu não compraria pra mim. Agora teria a oportunidade de conhecer melhor as músicas dessa cantora tão aclamada pelo público. Fui pra casa, coloquei o cd pra tocar e juro que tentei gostar das composições, mas as melodias me soavam muito forçadas, desconexas. Salvo algumas que já conhecia, como Fascinação, Atrás da Porta e Como Nossos Pais, não consegui pegar gosto pelas demais. O cd ficou lá entre as pilhas de cds de segundo escalão, aqueles que deixo pra ouvir quando perco o interesse nos preferidos.
E ano vai, ano vem, pensei até em me desfazer daquele elemento, dá-lo de presente a quem realmente merecia. Afinal, Suellen faria mais uso dele do que eu. Mas era um presente, e de uma amiga que hoje mora lá no Amapá, entre os índios e a selva amazônica (brincadeirinha). Ainda vou aí, Lu! Então permaneci com ele. E essa semana, dois anos depois de ter ganho o cd, resolvi colocá-lo no som e pela primeira vez pude apreciá-lo de uma maneira diferente. Não sei exatamente o que se passou, mas comecei a gostar do que estava ouvindo. E de repente pensei: puxa, isso é bom, por que não vi antes? E a cada música ia descobrindo um novo gosto, um novo estilo. Sempre achei que quem escutava Elis eram pessoas de um gosto musical refinado. Será que eu amadureci a tal ponto?
Não posso garantir que fiquei mais culto por ouvir e gostar das músicas de Elis, mas alguma coisa mudou em mim nesses dois anos para que eu pudesse rever a minha opinião sobre suas músicas. Nem que tenha sido a paciência e a disponibilidade para apreciar um estilo diferente do que estava acostumado. Talvez no momento atual suas melodias consigam chegar até mim. Como há alguns anos, a imagem de jovens que tentam mudar o mundo e no fim, apesar de todos os esforços, permanecem iguais aos pais, chegou até mim em Como Nossos Pais. Agora, depois da fase de desinteresse do presente, cheguei ao período de êxtase e de curtir adoidado, contrariando a ordem natural da ansiedade ao desprendimento na infância. Só sei que há três dias o cd não sai do som e quem passa lá só me vê escutando Elis Regina.
Que belo presente de Natal para os leitores do blog. E para mim , em especial, saber que Elis ainda é capaz de provocar essas reações.
ResponderExcluirNunca é tarde para descobrir coisas boas. Saúde, vida longa e um ótimo 2.011.
vc vem se superando dava vez mais, nessa sua fase de descobertas e mudanças.adorei saber q vc ta escutando o cd, só nao gostei da parte da " selva e dos indios".... mas ainda assim, te amo. LUCIENE
ResponderExcluirSamuel, não te conheço e, para falar a verdade, nunca comentei em blog nenhum... nem de amigos! mas o seu merece! Parabéns, você escrever tão bem! Vc tem ritmo, suas palavras nos fazem flutuar e criam imagens bonitas "de se ver".
ResponderExcluirObrigada por "passear comigo"!