quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Mantenha a distância um pouco próximo!

Deixando de lado a minha hipocondria, talvez eu tenha descoberto o mal de todos os meus fracassos. Nem é preciso ir muito longe no meu histórico comportamental para encontrar traços de uma desregulação emocional, raciocínio extremista e relações caóticas. Não seria lá grande coisa, se eu não tivesse descoberto que essas particularidades fazem parte de um diagnóstico maior, que talvez tenha me acompanhado desde muito sem que eu pudesse identificar. Me refiro ao Transtorno de Personalidade Borderline ou Limítrofe, também conhecido pelas siglas TPB ou TPL. Ih, lá vem Samuel de novo com outra doença pro repertório! Não, não dessa vez! Ou sim! O fato de eu dizer que tenho determinado transtorno é porque eu sinto que tenho, e não porque acho interessante e quero ter. Acompanhe o raciocínio! Se eu quase nunca ou só a muito custo consigo terminar o que comecei, afasto aqueles de quem mais preciso enquanto cobro paradoxalmente sua atenção, tenho tendência a paranoia, julgo as pessoas sempre pela última interação, e todas essas características estão presentes nos sintomas do TPB, o que devo pensar?

Em mais uma navegada dessas que leva a outra pela net, acabei caindo na imensa página do TPB da Wikipédia. Fui lendo por curiosidade e aos poucos me encontrei por lá. Descobri que uma das principais características do borderline é a intolerância à rejeição. Os borderlines são extremamente carentes de atenção, e quando falo carente não significa que ninguém lhe dê atenção, é que nunca é o suficiente. E como consequência, sentem-se ignorados quando perdem os holofotes. Escondem também profundos traços de masoquismo e sadismo. São muito imaturos emocionalmente, impacientes, buscam sempre recompensas imediatas, daí a falta de persistência em continuar os projetos, não toleram frustrações e tendem a colocar a culpa sempre em outros por suas próprias falhas.

Com um borderline não há meio-termo, ou ele gosta de alguém ou alguma coisa ou não. O que não quer dizer que o "não" de hoje não será o "sim" de amanhã, suas opiniões são facilmente inconstantes e contraditórias, assim como seu comportamento oscilante entre adulto e infantil. E aqui mais uma grande característica minha: irritam-se facilmente por coisas banais, e apesar de conseguir demonstrar certa "normalidade" em várias situações triviais, exibem escandalosamente a incapacidade em controlar sua raiva. Quem já presenciou meus excessos, sabe do que digo. Outras particularidades do borderline são os problemas com a identidade, sensações de irrealidade e despersonalização (sensação de não ser real, de inexistir), o que gera uma forte tendência suicida aliada a sentimentos crônicos de vazio e tédio. Como válvula de escape é comum a automutilação, a troca de uma dor emocional por uma física. Isso explica a sensação de deleite em arrancar a pele da sola do meu pé, e mais recentemente, dos lábios.

O indivíduo borderline é geralmente visto ainda como genioso, temperamental ou "de lua", como já afirmava meu amigo Júlio, mas também superficialmente adorável e simpático. No entanto, pelas pessoas de sua grande intimidade, principalmente a família, com quem entra sempre em conflito, são vistos como agressivos e mal-humorados. Essa na verdade é a maneira que encontram para demonstrar seus medos e se protegerem, e nisso são árduos manipuladores, embora não admitam (foi difícil incluir esse traço aqui) e considerados até "pacientes impossíveis" por alguns terapeutas, conhecendo o ponto fraco das pessoas e abusando das chantagens. 

Só até aqui já poderia me encaixar com perfeição no transtorno, mas esta última informação é o meu atestado final. O borderline não sabe estabelecer limites saudáveis entre suas relações com as pessoas, de modo que se alguém se aproxima demais, ele começa a se sentir subjugado, com medo de estar perdendo o controle ou de que o outro fique enojado ao conhecê-lo de verdade e o abandone. Ele começa então a se distanciar, mas quando faz isso, sente-se solitário e se aproxima novamente, reiniciando o ciclo. Essa ininterrupta contradição é uma constante na vida do borderline e pode ser uma boa definição dos extremos do TPB, além de conseguir me descrever em uma lógica que antes só existia na minha cabeça. Portanto, se alguém ainda duvida que faço parte desse notável grupo, tenta contra-argumentar, eu não tenho mais objeção. Só um conselho! Pra tentar buscar um certo equilíbrio, mantenha sempre a distância sem deixar de ficar próximo.

5 comentários:

  1. não posso contra-argumentar, mas neste caso, não acha q uma terapia é necessária?

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  2. Oi Sam!
    Admitir os nossos defeitos, problemas, etc, é muito difícil, se conseguimos fazer isso é um bom começo, sinaliza que estamos abertos a mudança. Só não devemos fixar idéia no que "somos", e sim atentar pro eu "estou", pois sempre existe a possibilidade de saída. Um abraço.

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  3. Oi Samuel!
    Você estava me descrevendo?rsss
    Não preciso de diagnóstico, só de tratamento. Um psicólogo urgente,por favor!rsss
    Você escreve muito bem, não deixa de ser uma catarse, mas ficar incultindo em sua cabeçaque seus auto-diagnósticos não vai te fazer bem, enquanto você poderia estar trabalhando tudo isso em uma terapia, está cavando um buraco maior para você. Sério, sei quanto é difícil, mas com ajuda se consegue. E você não é o pior das pessoas por isso, apenas as outras pessoas não procuram ver suas neuras.rsss
    Abraço!

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  4. ai ai, você já sabe o que acho disso tudo. Na minha opinião, se você lesse um artigo sobre a morte, teria certeza de que já havia morrido.

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