quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Fragmentos

COLÉGIO. INTERIOR. DIA. GABINETE DO DIRETOR. 
JULIO TRABALHA EM SEU COMPUTADOR À MESA. BATEM À PORTA.

JULIO – Entre!
ELISA (abre a porta) – Licença, diretor! Eu posso falar um minuto com o senhor?
JULIO (debochado) – Outro aluno? Se eu for parar meu dia pra atender aluno, eu não faço mais nada aqui hoje. Estou mais solicitado do que prefeito em dia de posse.
ELISA – É... É rápido! Eu só quero trocar umas idéias.
JULIO – “Trocar umas idéias”? Claro! Entra!

ELISA FECHA A PORTA E SENTA-SE DIANTE DELE.

ELISA (tensa) – Licença!
JULIO (encosta-se na poltrona e olha para ela) – Então?
ELISA – É sobre o jornal do colégio.
JULIO – Hum!
ELISA – Eu fui até lá e a sala estava fechada. Não tinha computador, mesa, nada.
JULIO (surpreso) – Você abriu a sala?
ELISA (confusa) – Abri!
JULIO (curioso) – Como?
ELISA – Ah, é que eu guardei uma cópia da chave da época em que eu trabalhei lá.
JULIO (debochado) – Ah, então você deve ser Elisa Medeiros.
ELISA (sorri) – Sim! Sou eu! O Afonso falou ao senhor sobre mim?
JULIO – Não, Elisa! Eu nem cheguei a conversar com o Afonso. Eu li o seu histórico do jornal.
ELISA (rindo) – Foi? E o senhor gostou?
JULIO – O que você pergunta se eu gostei? Eu acredito que eu tenho uma cópia do relatório aqui. (procura em algumas gavetas) Você mesma pode conferir. 

ELISA OLHA DESAPONTADA. JULIO ENCONTRA O RELATÓRIO E FOLHEIA.

JULIO – Aqui! Vejamos! Parece que você tinha um gosto singular por matérias bastante sensacionalistas, não é? Por três vezes as suas reportagens causaram um tumulto no colégio.
ELISA – Mas eu só expus a verdade!
JULIO – Algumas verdades devem permanecer enterradas. Você não concorda, Elisa? Bom, continuando o seu histórico, ele alega aqui abandono de posto perto do final do ano passado.
ELISA – Não! Eu não abandonei o jornal! Eu estava um pouco abalada com... (olha para ele) É...
JULIO (com um sorriso sarcástico) – O seu sensacionalismo, não é?
ELISA (o olha atônita) – Mas o Matheus ficou lá no meu lugar!
JULIO – Sei! O Matheus que diz aqui que também deixou o jornal várias vezes na mão. É lamentável!
ELISA (preocupada) – O que o senhor vai fazer?
JULIO – O jornal está fechado até que apareça um outro repórter interessado em assumir o cargo. Alguém que veja o jornal apenas como um meio de divulgar as atividades escolares e como veículo de responsabilidade social, não como central de fofocas e intrigas pelo colégio. Fui claro, senhorita Medeiros?

ELISA CONFIRMA SUBMISSA COM A CABEÇA, SE LEVANTA E VAI SAINDO.

JULIO – Elisa! (ela olha) A cópia da chave, por favor!

ELA ABRE A BOLSA, PEGA A CHAVE E ENTREGA A JULIO.

JULIO (sarcástico) – Obrigado! Pode ir!

ELA O OLHA INDIGNADA E SAI. ELE SUSPIRA E VOLTA AO COMPUTADOR.

2 comentários:

  1. achei ela mto passiva, não combinou com esse personagem q ele descreveu.

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  2. Esse é o problema de só jogar fragmentos! rs
    Elisa está tentando voltar à função de redatora do jornal da escola depois de tê-lo abandonado no ano anterior, quando um caso mal-interpretado de bullying divulgado por ela acabou em morte.
    A escola está de diretor novo e ela chega tranquila achando que tudo será fácil como com o antigo, e sua passividade é resultado da surpresa diante do fato do novo diretor antipatizar com ela sem ao menos conhecê-la direito. Resumindo, foi pega desprevenida e ficou em choque.
    Mas adianto que sua passividade não dura muito tempo e logo ela arranja um jeito de mudar a situação.
    Talvez eu coloque depois a cena que ela vira o jogo.
    Abraço!

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