terça-feira, 13 de setembro de 2011

A noite volta a ter lua cheia

Quando Mulheres de Areia foi ao ar pela primeira vez, eu era um garoto de 7 anos que acompanhava telenovelas. Com tão pouca idade já sabia separar o trigo do joio das produções, e logo me apaixonei pela trama. Dezoito anos depois, é impressionante como o primeiro capítulo da novela ainda mantém o mesmo encanto de antes. O que é bom, o será sempre. É uma dupla satisfação poder rever a novela, e perceber que o Vale a Pena Ver de Novo está retomando seus bons tempos e entrando no eixo. Depois de algumas reprises despropositadas, o programa engatou com a reexibição de O Clone, mantendo-a por oito meses no ar e registrando um total de 175 capítulos, número recorde para o horário. Talvez a experiência positiva das reprises na íntegra dos grandes clássicos da teledramaturgia pelo Canal Viva, tenha incentivado a Globo a exibir novelas mais antigas, e a diminuir o número de cortes das tramas, o que parece muito apropriado, principalmente quando a exibição vem alcançando bons resultados de audiência.

Um dos fatores mais curiosos quando se repete uma novela muito antiga, além da pouca lembrança que mantemos dos acontecimentos da história, é poder rever os atores 10 ou 15 anos mais jovens. Glória Pires parecendo irmã de Cléo Pires, Guilherme Fontes com rosto de menino, Humberto Martins na versão Cauã Reymond de 93, Andréa Beltrão no auge da juventude, Susana Vieira quando ainda se portava como uma atriz distinta e até Daniel Dantas com pinta de galã. O tempo é realmente cruel nesse aspecto. Só percebemos o nosso estado atual quando olhamos para trás e nos vemos tão vigorosos e esbeltos quanto os adolescentes na saída da escola. Mas esse é o poder mágico da telenovela. Uma vez registrado com 20 anos naquele personagem, para sempre jovem.

Mulheres de Areia fez parte da boa safra de produções da nossa teledramaturgia. Época em que era prazeroso ligar a tevê e se deixar conduzir por uma boa e bem amarrada história, capaz de nos arrancar da cozinha ou do banheiro ao som da vinheta do comercial. Isso tem feito muita falta. Uma novela que convença não pela parafernália e superprodução envolvida, mas pelo conteúdo simples de sua trama. A simplicidade é sempre mais difícil de alcançar, mas quando se chega nela, o realismo é inevitável. E se uma mulher era capaz de tal proeza, seu nome era Ivani Ribeiro. Autora que desenvolveu um trabalho esmerado na construção da realidade retratada em suas obras e no trato que dava a seus personagens, sempre vivos, ativos, frágeis, humanos. E penso que daí nasce grande parte do sucesso de seus trabalhos.

Não modestamente, Ivani Ribeiro é a única autora que teve suas novelas reprisadas pela Rede Globo mais de uma vez. A Gata Comeu, A Viagem e agora Mulheres de Areia somam três exibições ao longo dos anos. Se esse registro não é suficiente para revelar a qualidade de suas produções, então a curiosidade que encontrei sobre a novela na internet, reforça a tese. Dizem que quando exibida para a Rússia, a novela alcançou tanto sucesso, que o governo exibiu o capítulo final em um dia de eleição, evitando assim que alguém viajasse na data e se abstivesse das votações. Verdade ou mito, mais um ponto a favor de Ivani, Mulheres de Areia e da força da teledramaturgia nacional. 

3 comentários:

  1. Fazia um tempo que não vinha aqui... Mas qnd venho sempre me prendo no que vc escreve!Muito bommmmmmmmmm... Parabens sempre...

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  2. adorei seu texto cada dia melhor, vc tem que ser um autor de novelas e seriados mini serie, cade a globo que nao ver isso, acorda globo temos um excelente autor de novelas, amei tudo que vc falou e verdade adorei.

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  3. Realmente Mulheres de areia vale a pena ser revista! Adorei a novela, pena que o horário me permite, mas é uma boa pedida pra tardes...

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