sábado, 2 de julho de 2011

Lembrete


Como identificar os sinais que a vida nos dá? Não é normal... uma leveza no corpo, ou seria um peso? Não sei como descrever ao certo, algo semelhante ao estado de alguém que fez uso de tranquilizante para dormir, mas numa hora improvável. Não havia tomado nada ainda. Era cedo, queria assistir a novela das nove. Mas cedi ao descanso e em pouco tempo estava dormindo. Acordei duas horas depois. Como perdi a novela, continuei a assistir a segunda parte do episódio da série Ghost Whisperer que tenho acompanhado online. O seriado americano sobre a vida de uma mulher que consegue manter contato com espíritos presos à Terra. Cada dia me fascina mais desvendar os mistérios da vida na lógica espírita. Só lembrar que cheguei a essa série através do livro do co-produtor executivo e médium James Van Praagh. 

Exatamente à meia-noite meus olhos foram atraídos pelo relógio digital do computador. Pouco tempo depois me vi escrevendo em uma comunidade no orkut sobre um rapaz que morreu recentemente. Seus amigos criaram uma comunidade, e na descrição falava-se sobre a sobrevivência da amizade entre as intempéries da vida. Senti que devia escrever algo, já que sei o que é ver amigos ir pra longe, sem deixar de ser o que sempre foram. Até aqui tudo não fazia muito sentido, até eu conferir a data das postagens dos fóruns: 02 de julho. A ficha caiu! Cinco anos da morte de meu pai.

Não posso dizer que tudo o que aconteceu foi interferência dele, mas preciso admitir que fiquei surpreso quando constatei que era realmente o dia. Diferente da minha mãe, não sou muito ligado em datas, e havia esquecido completamente. Seria ele, de certa forma, querendo me lembrar? E sim, por quê? Já parei em muitas oportunidades para pensar sobre o destino do meu avô, da minha tia e do meu pai. Será que encontraram logo a luz? Será que me ajudaram todas as vezes que pedi proteção antes de subir em um palco? Ou será que eles é que precisam da minha oração? Já os senti distantes, próximos, mas ainda não tive essa certeza.

É inebriante a sensação de imaginar um mundo invisível a nossa volta, capaz de nos influenciar tanto para o bem como para o mal. Sempre senti uma ligação muito íntima com o espiritual desde criança. As histórias de alma penada me assustavam, e despertavam minha curiosidade. No fundo queria ser médium. As missas de domingo na igreja nunca tiveram um sentido místico de verdade. Jamais fui a uma com o intuito de alimentar a alma, como nos encontros nos centros espíritas. Uma hora ou outra nossa alma procura o seu equilíbrio. Hoje as histórias de fantasmas não me assustam mais, e ficaria muito feliz se descobrisse, em mais alguns anos, que teria mesmo a capacidade de me comunicar com os mortos. Sei que é um trabalho difícil, porque na falta de preparo, espíritos perturbados podem interferir negativamente em nossa vida, contudo, era algo que gostaria de arriscar, já que isso é o que mais tem me movido nos últimos tempos. Penso que traria um grande alívio a minha alma irrequieta. Tudo faz tão mais sentido.

Não sei se consegui captar a mensagem que recebi do meu pai essa noite. Se é que foi uma mensagem, e se é que foi dele. Mas tenho absoluta certeza que alguma comunicação se estabeleceu aqui. Não acredito em coincidências. Elas existem pela ajuda de alguém. Se foi realmente meu pai querendo que eu me lembrasse dele, ou simplesmente sua maneira de se mostrar presente em minha vida, então a intenção foi alcançada, porque direcionei meus pensamentos a ele e vim escrever aqui, depois de alguns dias sem "inspiração". Vim celebrar a maravilha da perpetuidade da vida e a graça de poder sentir a presença dos que se foram através de caminhos que só a alma pode compreender. 

Um comentário:

  1. vi seu texto e vejo que pode ter sido mesmo seu pai, tudo isso leva a cre que os mortos da familia tem sempre uma ligaçao com os vivo, que agente tem de entender como eles se comunca, mas tenho certeza que isso foi ele,adorei vc escrever denovo,continue assim escrevendo.

    ResponderExcluir

Colheitas