quarta-feira, 16 de março de 2011

Tráfego transcendental

Sempre me questionei a respeito da existência humana no mundo. Por que eu sou eu e não outra pessoa? O que me faz ser quem sou? Um planeta vagando na imensidão do espaço, com seres pensantes, capazes de construir mundos de novas invenções a cada ciclo e uma sede insaciável pelo desconhecido. Qual nossa influência e verdadeira importância nessa área delimitada à nossa sobrevivência? Como descendente original de uma família católica, ir às missas aos domingos fazia parte das incubências de um praticante devoto do catolicismo, ao menos no compromisso presencial. Porém, esse hábito nunca significou nada além de uma obrigação de minha parte, sem me vincular às crenças que ouvia repetidamente a cada celebração, a ponto de chegar em um estágio de quase ateísmo na adolescência. Essa fase chegou ao fim quando vislumbrei algo "tangível" e concreto, fundamentado na razão e não apenas em crenças infundadas e distorcidas ao longo dos tempos. O espiritismo me abriu as portas para o inexplicável, para o que representamos genuinamente, e o melhor, para os caminhos que enfrentaremos após essa travessia.

Não é minha intenção converter nenhum católico, evangélico, budista, pagão ou ateu ao espiritismo. Quero apenas divagar alguns pensamentos acerca da existência humana e ousar lançar uma fagulha de incerteza na mente de algum leitor. Um dos principais, senão o maior princípio que permeia o espiritismo é a crença na reencarnação da alma. Algo completamente abominado para os cristãos católicos ou protestantes. Ora, muito comodismo usufruir de uma única vida e depois alcançar a salvação divina ou o castigo sepulcral. Uma única vida é pouco para evoluir uma alma e determinar sua posição no "paraíso" ou no "inferno". Imaginem todas as provas que são necessárias ser alcançadas numa constante evolução espiritual, com tantos aprendizados, conhecimentos que numa única existência seria impossível de se atingir. Por isso o espírito retorna quantas vezes forem necessárias até conseguir se elevar espiritualmente. Escolhendo muitas vezes quais provas deseja se submeter em sua nova jornada.

Alguém já se questionou o que poderia ter sido em uma existência anterior? Sempre há uma intuição que cada um carrega consigo como algo intrínseco sobre o que tenha cometido e que influencia até as determinadas atividades com que tenha familiaridade. Por isso vez por outra tenho conclusões excêntricas e até assustadores sobre o que realizei em outras situações. Já cheguei a pensar que fui um assassino e conheci as prisões de perto, ou que me dediquei a vidas desregradas, ao mesmo tempo em que me sinto ligado a mosteiros e poderia facilmente ter tido uma vida reclusa da sociedade, dedicada às orações e ao jejum. Bom, eu posso não ter a certeza do que fui no passado, mas o pequeno James Leininger, do estado da Louisiana nos EUA, hoje com 12 anos de idade, sabe desde seus 2 anos que o fascínio pelos aviões da Segunda Guerra Mundial  não era apenas admiração, mas uma similaridade com os pilotos dos porta-aviões americanos, mais especificamente com o jovem piloto morto em combate em 1945 James M. Huston Jr.

A envolvente e enigmática história contada meticulosamente no livro A Volta, narra a saga alucinada dos pais de James, Bruce e Andrea Leininger, em busca de explicações para os estranhos pesadelos que passaram a fazer parte da rotina da família a partir de maio de 2000, quando a criança ainda contava com seus 2 anos de idade. Acompanhado dos pesadelos que envolviam fortes agitações durante o sono, com chutes e impressionantes gritos de socorro, o garoto passou a descrever com ardilosa precisão detalhes sobre os tipos de aviões que decolavam dos navios de guerra nos anos 40. Recordou o nome do homem, que seria ele mesmo, o qual se debatia em um avião em chamas em seus sonhos, e ainda o nome de um amigo Jack Larsen. Imagens de acidentes aéreos e muita bomba eram constantes entre seus desenhos. E suas lembranças não pararam por aí, mais três amigos foram lembrados e ganharam homenagem em sua coleção de bonecos. Quando questionado pelos pais o porquê de tais nomes, ele saiu com a inesperada resposta: "foram eles que me receberam quando cheguei ao céu".

Já tinha lido um livro da escritora americana Sarah Hinze, A Vida Antes da Vida, onde ela aborda a experiência de muitas crianças que conseguiam ainda nos primeiros anos recordar suas experiências em vidas passadas, mas nada tão envolvente quanto a narrativa da família Leininger. Aos poucos as peças do quebra-cabeça vão se encaixando, e aquilo que parecia um delírio de início, ganha força e evidências irrefutáveis de que o pequeno James era de fato a reencarnação do falecido piloto de guerra James M. Huston Jr. Em alguns anos de busca incessante, de contato com inúmeros veteranos de guerra e familiares de militares mortos, a família Leininger não havia mais como negar o incontestável. James com sua inocente maturidade, despejava diariamente de maneira natural fatos e informações inadmissíveis para uma criança de sua idade. Ele "reencontrou" a irmã de James Huston Jr, agora uma senhora com mais de 80 anos e a cumplicidade entre os dois era algo inexplicável. "Reviu" seus antigos companheiros de combate, e lamentou estarem tão envelhecidos. Seu caso chegou à TV, e acabou levando-os ao Japão e ao local onde o avião de James Huston havia caído no mar.

O fascinante no livro é mostrar através dos fatos como o espírito de um piloto da Segunda Guerra poderia habitar o corpo de uma criança mais de meia década depois. A ideia de reencarnação ficou tão evidente que convenceu muitos ex-combatentes, a irmã do falecido piloto e o próprio pai de James Leininger, um cético incorrigível e defensor de suas crenças religiosas. A história que daria tranquilamente um belo filme, chega ao fim quando o pequeno James "reencontra" o local de sua tragédia na outra vida e escuta de sua mãe que aquele homem embora tenha feito parte de suas lembranças por um longo tempo, havia chegado o momento de deixá-lo ir e seguir em frente. Com lágrimas nos olhos, James se despede dele e bate continência. Ou seja, apesar do garoto abrigar o espírito daquele ex-piloto, sua vida agora era outra, ele tinha uma nova família, outras missões a cumprir na sua escala evolutiva e precisava tocar o navio, agora como James Leininger e não mais como James M. Huston Jr. Tudo o que suas lembranças poderiam ter contribuído nessa nova empreitada chegara ao fim. Veteranos se reuniram, uma nova placa com os nomes dos soldados mortos que não haviam sido incluídos como baixa de guerra foi inaugurada, familiares tiveram acesso a registros até então desconhecidos sobre o destino dos militares mortos, e Anne Huston pôde finalmente receber o seu irmão que a deixou esperando por mais de 60 anos. Nos novos desenhos de James agora a tranquilidade, aviões sobrevoando pacificamente os céus e golfinhos mergulhando ao lado de navios, sem mais acidentes ou bombas. Assim como seus pesadelos, as memórias passadas foram se apagando e cedendo lugar ao que de fato ele era agora: apenas um garoto com mais uma vida cheia de desafios e metas a cumprir.

9 comentários:

  1. Ora, Samuel
    Que deliciosa surpresa você me deu, rapaz!
    Fico imensamente agradecido pelo selo, pela menção, pela gentileza, enfim, obrigado por achar que o DiVAGANTE merece ser visto!
    Postei o selo e já fiz minhas indicações também! =)
    Grande abraço.

    ResponderExcluir
  2. ..."A Vida Antes da Vida, onde ela aborda a experiência de muitas crianças que conseguiam ainda nos primeiros anos recordar suas experiências em vidas passadas",

    essa sensação de lembranças do passado, se confundem com a existência atual, sinto saudades de algo que não vivi nessa vida, só pode ter sido em outra....será???

    sou sua fã rsrs!!!

    ResponderExcluir
  3. adorei o texto eu acredito muito em encarnaçao, nao sou espirita mas acredito, e algo muito forte so quem sabe e quem acredita, amei vc e dimais.

    ResponderExcluir
  4. Gostei do texto Samuel, não sou espírita, mas tbm acredito em reencarnação...
    Que as vezes trazemos lembranças de vidas passadas e até alguns carmas...

    Muito interessante a história desse garotinho que vc citou.

    Parabéns!

    beijos,

    Larissa.

    ResponderExcluir
  5. Arrepiei-me com seu post.
    Já li vários livros espíritas brasileiros.Ainda nao tive o privilégio de ler um de outro país.
    Abraços.

    ResponderExcluir
  6. Sam, obrigada pelo selinho! :D Vou repassá-lo p outro colega. Seria bom q o promotor criasse um sistema digital mais atualizado do q esse de copiar no blog um do outro. hehehe mas tá valendo, qq incentivo ou simpatia, eu gosto. Gostei tb do teu blog, q não conhecia. Parabéns! 0/

    ResponderExcluir
  7. Samuel
    Obrigada pela gentileza da visita. Volte sempre. Eu tenho no blog um vídeo sobre este caso http://somosespiritos.blogspot.com/2009/04/reencarnacao-um-fato-natural-mascarado.html. Sugiro ainda que assista na pagina de videos do Blog o curta "laços", "apequena vendedora de fósforos". São imperdíveis histórias de 6 minutos. Um brinde à vida.

    ResponderExcluir
  8. Oi Sam! Tenho mais um selinho para vc. Seu blog é uma sinfonia para os meus ouvidos.E uma delicia para os olhos rs. Um big final de semana p vc.

    ResponderExcluir
  9. É Samuel...Eu esqueci que quando coloquei depois de um tempo deu uma mensagem "sorry, blá bla´" e eu exclui. Mas coloquei de novo!Obrigada por me avisar. E agora estou juntando as duas partes para slvar nos videos.
    abçs

    ResponderExcluir

Colheitas