segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Sem contra-indicações

Outro dia enquanto fazia um dos meus passatempos prediletos, ler a bula de um entre tantos remédios aqui de casa, me deparei com um fato curioso. Na verdade são dois. Mas ignorem o primeiro que seria ler bula de medicamento. Quem em sã consciência perde seu tempo com isso? Mas indo ao fato curioso, reparei que no quesito "contra-indicação" havia somente a seguinte frase: hipersensibilidade a qualquer componente da fórmula. Realmente quem desconfiar que é sensível a esse ou àquele componente nem deve chegar perto da medicação, mas como o indivíduo vai saber antes de ter contato com tal fórmula se é sensível ou hipersensível? Dedução? Telepatia? Hipnose? Premonição? Só experimentando mesmo. Aí depois se tiver tudo ok, continua tomando, senão, vai descobrir da pior maneira quais são suas alergias.

Tem gente que não come carne de porco, leite, ovos, amendoim, nozes por saber que tais alimentos lhes provocam reações alérgicas na pele ou no organismo. Enfim, todos descobriram que tipo de alimento os prejudicam após terem seu contato com ele, assim como descobri de maneira bem inocente que minha faringe prefere se fechar inteira a engolir um pedaço de crustáceo da ordem dos decápodes, com cinco pares de patas, popularmente conhecido como camarão. Sem comer o magnífico arroz marinho de um belo restaurante em João Pessoa, eu não saberia jamais que esse tipo de caranguejo me faz mal. De fato, não chegamos ao mundo com uma bula explicando que tipo de alimento devemos comer e a quais componentes químicos somos alérgicos. Seria bastante eficaz se junto do cordão umbilical viesse uma cápsula com indicações de todo tipo de alimento que fortalece e prejudica o recém-nascido, e ainda algumas informações extras do tipo: esse bebê terá rinite alérgica a partir dos 9 anos, miopia aos 14, vai desenvolver uma escoliose congênita na adolescência e sofrer de labirintite depois dos 20.

Ajudaria muito se pudéssemos descobrir tudo de ruim que iria nos acontecer, antes de acontecer. Mas temos que passar pela experiência. Senão não teríamos histórias pra contar. Eu não estaria aqui argumentando o fato de que nesse exato momento existem aí milhares de alimentos que nos prejudicam e não temos conhecimento. Se eu vou sentir náuseas, ter vertigens, vomitar, perder o ar é bobagem. Todo mundo vai encontrar na vida algum alimento que faça mal, fora os que comemos todos os dias e nos destroem à prestação. Aí vamos lembrando os dias que exageramos no pecado da gula, como a vez que me esbaldei num prato de macaxeira na casa do meu pai e tive um dejà-vu duas horas depois com o mesmo prato, só um pouco mais pastoso pelo chão. E quando bebi mais de duas taças de vinho tinto seco no meu baile de formatura e esperei apenas sair do carro de Samira pra banhar a calçada com aquela delicada bebida. Ah, e teve a viagem de São Miguel a Pau dos Ferros à noite no ônibus da Jardinense, que após a intensa degustação de doce de leite caseiro na minha avó, eu pintei o corredor do ônibus com uma textura bege que desagradou a todos os passageiros. Bem, mas acho que esse assunto já está dando náuseas.

Retomando um pouco a teoria do início da postagem, como sou um apreciador nato das novas fórmulas e componentes químicos presentes em cada medicamento, não me incomodo de ir testando qual remédio é contra-indicado ou não a mim. Até o presente momento não me recordo de nenhum que tenha rejeitado meu organismo. Com exceção do Rivotril que intensificou minhas crises de labirintite, nem a água oxigenada que eu bebi por engano na adolescência me fez mal. Acho que tenho uma boa relação com os fármacos. Nunca tivemos sérias brigas, e às vezes que discutimos logo nos reconciliamos. Somos quase que elementos de uma mesma fórmula. Por herança de meu avô, repassada a minha mãe, curto uma boa leitura de bula e todas suas indicações, reações adversas, posologias e superdosagens. Poderia até conceder uma palestra sobre os benefícios da nimesulida, ou os efeitos colaterais do alprazolam. Se de médico e louco todo mundo tem um pouco, acho que erraram na distribuição da minha medida e não sei se sou mais médico ou mais louco, ou a soma dos dois ao quadrado, mas adoro uma automedicação. E agora se me permitem, vou me retirar, está na hora da minha dose diária de daforin e finasterida.

5 comentários:

  1. Ola querido...
    Adoro o seu blog.
    Tem um agradinho pra vc aqui ó...
    http://fefafm.blogspot.com/p/selinhos_8759.html
    Beijo grande

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  2. e verdade essas drogas nao era pra niguem tomar, mas e a vida temos de tomar pra alguma coisa, e uns se daõ outros não,mas e tanta indicaçao.

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  3. Oi Sam!
    Não sabia que essa mania de ler bula tava no nosso sangue, eu leio todas, que surgem no meu caminho e fico em pânico; Como tomar um remédio para um problema se ele pode causar tantos outros??? Sempre tive um bom relacionamento com os tais, mas outro dia tomei azitromicina e fiquei mal, é sempre assim tem que tomar pra saber. Sou louca, sou médica,sou hipocondríaca e tenho labirintite, rs. O que mais temos em comum??? Um abraço.

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  4. Esse povo!!!!!!!!!! só sendo da família. Todos tem mania de ler bula é? até já fui numa pediatra por causa de uma bula. cgeguei dizendo q ela ia matar mha filha, blá blá. Adoro ler uma bula. Até mesmo quando todos os livros que estão à mão já foram lidos, que tal uma bulazinha perdida nas gavetas? Também gosto de tomar remédio sem orientação de profissional. Tomo até os de Luziene. Antialérgicos e pra dormir nem se fala. Quem quer um valeriana aí? abraços Tua família é louquinha viu sam.

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