quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Menino reconhecido

Há pouco menos de um ano, eu não teria certeza se concluiria o meu curso de comunicação social. Longe da universidade desde 2008, estava empurrando a muralha da monografia com a barriga. A meta era sair das 10 páginas que fiz em um único feriado e que nunca foram revisadas por nenhum orientador. O tema entre espiritismo e telenovela me empolgava, mas não o suficiente para escrever mais umas 30 páginas. Um desafio maior ainda surgiu quando em março desse ano, Ana Célia e Kárem resolveram me chamar para integrar o time na produção de um videodocumentário. O objetivo era entregar o trabalho até o mês de julho a tempo de concluirmos o curso no meio do ano. Aceitei o desafio. Afinal filmar era bem melhor do que escrever páginas de um trabalho que já estava fadado ao fracasso antes mesmo de começar.

Um artista plástico autodidata da cidade de Sumé era o tema do nosso vídeo. Miguel Guilherme deixou uma incrível obra de toda sua história de pintor, escultor, músico, poeta e teatrólogo. Era sem dúvida nenhuma um grande artista. Mas com o tempo nas costas, só me preocupava em encontrar os entrevistados, filmar as obras, o seu museu, e correr de um lado ao outro, fotografando, produzindo ofícios e fazendo alguns contatos. Realmente foi um trabalho árduo, e eu tinha consciência que seria, se quiséssemos algo com o mínimo possível de qualidade, ou então seria muito fácil fazer qualquer coisa. Viajamos, lemos, nos aprofundamos a cada dia. Tentei brincar com o Premiere, mas ele não quis assunto comigo. Então parti para o Vegas. Noites de dor de cabeça e muito moto-táxi editando os 15 minutos do documentário.

Com o prazo esgotado, conseguimos apresentar o trabalho e garantimos não só a nota máxima, como a conclusão do curso superior. Aleluia! Mesmo não sendo a graduação dos sonhos, era gratificante saber que aqueles anos puxados à carroça deixariam algum mérito agora. Finalmente pude apreciar a obra de Miguel Guilherme sem me preocupar com tempo, câmera ou entrevistas. Agora simplesmente podia tomar consciência do grande gênio que a Paraíba possuiu. E Ana Célia foi mais adiante. Resolveu inscrever nosso vídeo no Fest Aruanda, o festival de cinema de João Pessoa. Inscrito no último dia, fiquei feliz em saber que ele havia sido selecionado. Só o fato de estar sendo exibido a pessoas de diversos estados já seria uma maneira de promover o acervo tão esquecido de Guilherme. Ganhar algum prêmio seria pedir até demais. Era só um vídeo de conclusão de curso. Todavia, o nosso videodocumentário Menino Artífice ganhou na categoria de melhor documentário paraibano e na votação do júri popular também. Posso pensar que fizemos um trabalho profissional o bastante para tal reconhecimento, mas acredito que dentre as falhas de iniciantes no universo audiovisual, o tema escolhido e sua relevância no cenário paraibano e nacional foi o grande destaque e o verdadeiro vencedor desse prêmio. Mais um reconhecimento pelo esforço e dedicação, Miguel.

Um comentário:

  1. Sami meu querido amigo, que lindo esse texto, fiquei emocionada relebrando dias inesquecíveis dessa nossa caminhada! Agradeço a DEUS por juntos (EU, VOCÊ e KÁREM) termos esse trabalho e acima de tudo a obra fantástica de seu Miguel reconhecida não só no FEST ARUANDA, mais também pela ACADEMIA PARAIBANA DE CINEMA. Meu único objetivo, meu desejo maior, assim como o de vocês, sempre foi o de promover e divulgar a obra desse artista genial. SAUDADES de você amigo. BEIJOS!!!

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