quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Tudo errado ou eu sou errado

Queria morar numa ilha deserta ou perdido no meio do mato. A vida tida em sociedade parece cada dia mais insuportável. Por que aceitar tanta burocracia, "ordens" e deveres que só nos fazem mal? No final de tudo se analisarmos o grande princípio dessa vida não temos mais, a liberdade. Estamos presos no sistema, presos no planeta. Já extrapolou o limite de clichê, o meu dizer que está tudo errado, então agora quero questionar os erros, descobrir se mais alguém os enxerga ou eu estou num devaneio solitário. Pra estourar a bomba, me respondam por que todo ser do sexo masculino tem que se alistar no exército, marinha ou aeronáutica quando faz 18 anos? Cadê a liberdade de escolha aí? E se eu não quiser? Se não quiser ser reservista? Quem vai me obrigar? Onde está escrito, quando vim ao mundo, que eu sou obrigado a matar e a morrer numa guerra inventada pelos interesses dos "grandes" homens? Mas a sociedade obriga. Caso contrário o jovem inexiste no sistema, não faz vestibular, não presta concurso, não trabalha, vegeta.

Já que estou falando de concurso, emprego, uma exigência que não consigo entender é o indispensável "comprovante de residência". Alguém me explica pra que exigir esse documento no ato de assinar um contrato de emprego? Então eu só posso trabalhar se eu tiver uma casa? Se eu morar embaixo de uma ponte eu não poderei trabalhar ou terei que levar o comprovante do viaduto? É ridículo! Já não bastam os números de RG, CPF, título de eleitor, carteira de trabalho e motorista que fazem do ser humano um chip do governo. E por falar em governo, não há piada maior em um país que se intitula democrático, do que exigir voto obrigatório da população. Eu voto se quiser, quando quiser e sentir vontade. Só que mais uma vez irei vegetar se não comparecer às urnas ou justificar a ausência. "Justificar a ausência!" é pior do que obrigar a votar.

Aliás, as obrigações continuam fora do país. Ai de quem tente cruzar qualquer fronteira de um país sem um passaporte e um visto de autorização. Se somos livres, se o planeta é um só, por que tanta burocracia e dificuldade de transitar de um lugar a outro? Nunca poderia pegar uma mochila, uma moto e tentar cruzar a américa espanhola sem ter que me deparar com uns dez policiais me encarando estranho. O que dirá então de tirar as roupas e nadar na primeira cachoeira que encontrar pelo caminho. Aos olhos do primeiro ser vivo que me encontrasse, a polícia surgiria para preservar a decência e o bom comportamento. Como se a nudez fosse sinônimo de profano. Essa é talvez a maior hipocrisia da sociedade. Por que todos têm que andar vestidos? Eu estaria agredindo alguém só por mostrar o resto do meu corpo a ele? Se vemos mãos, braços, pernas e rosto de uma pessoa, o que uma nádega, um pênis ou uma vagina tem de tão diferente e agressivo que se torna crime exibir? E não me falem em sexo e libido, porque antes de servir a essas finalidades, usamos esses órgãos pra mijar e cagar. Felizes são os que vivem nas sociedades indígenas. Mais crenças e menos pudores. Mais rituais e menos burocracia.

As leis são engraçadas. E cada país que estabeleça a sua mais louca que a outra. As drogas por exemplo. Tem país que se mata só por portar alguma substância. Garanto que se eu fosse condenado a morte num país desses por cheirar uma plantinha, eu me matava antes, mas não dava a eles o prazer de me matarem. Se o cara gosta de viajar vez em quando numa plantinha, deixa, o problema é dele, às vezes deve tá precisando mesmo. Algumas tribos indígenas costumam ter suas substâncias alucinógenas em rituais de passagem e mesmo entre os membros mais antigos. E cá volto eu aos índios. De fato seria bom mesmo abandonar tudo e viver numa tribo indígena no meio da amazônia, no contato com a natureza, os seres vivos e outros valores, a mim, bem mais significantes. Mas até pra morar numa tribo, eu teria que ter autorização da FUNAI e explicar o motivo de querer ir morar lá. E acredito que eles nunca aceitariam a minha justificativa de não suportar a vida na nossa sociedade. Parece que a única saída seria milagrosamente encontrar um pedaço de terra sem dono, no lugar mais remoto do mundo e estabelecer o meu lar. Porque até do outro lado, onde eu achava que todos eram realmente livres, se a vida continua segundo os ensinamentos de André Luiz no livro Nosso Lar, eu tô é perdido, porque tem mais uma sociedade hierárquica me esperando.


P.S.: Quando passei esse texto pro Word pra salvar uma cópia nos meus arquivos, ele sugeriu que eu trocasse a expressão "mijar" por "urinar". Eita, hipocrisia!!

2 comentários:

  1. Meu caro Samuel Dias (recenseador)...de forma alguma subjuguei ou menosprezei o trabalho de brasileiros que saem por esse nosso território muitas vezes inóspito, em busca de informações e estatísticas para compor o quadro evolutivo ou estático do nosso pais.

    O que me admirou, foi à falta de tato do jovem que me entrevistou. Sou brasileiro e queria sim estar dentro das estatísticas do meu país, mas não vejo necessidade de falar de pessoas que não moram comigo. Se esse questionário ajuda de certa forma o governo, talvez seja apenas pra saber a mortalidade da região onde resido.

    Muito alarde para uma entrevista que demorou pouco mais de 1 minuto e meio.

    Mas continuo dizendo que admiro as “pessoas” que se dispõe a fazer esse trabalho, talvez o que esteja errado são os questionários abordados.

    Obrigado por sua visita em meu blog, pela opinião deixada, o que preso muito.

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  2. o q ta faltando pra vc vim aqui pra amazônia morar com os índios? rsrs bjo

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