sábado, 31 de julho de 2010

Agora ele existe!


Outro dia entrei no YouTube pra ver como ia a minha conta e encontrei um vídeo curtinho de Zacarias, um dos Trapalhões, nos vídeos indicados pra mim, provavelmente porque eu já tinha assistido algum vídeo dos trapalhões. Resolvi assistir. Ao terminar, vi entre os vídeos relacionados ao tema, outro vídeo de Zacarias, mas agora era sobre a morte dele. A imagem parada era de um homem dando depoimento ao Fantástico, com o olhar triste. Nem me dei ao trabalho de assistir. Primeiro porque já sei o que o homem iria dizer: que Zacarias era um grande humorista, que o Brasil perdeu um grande nome do humor e que ele foi importante na história do humor no cinema nas últimas três décadas. Blá, blá, blá.

Concordo que Zacarias foi tudo isso. Sempre foi o meu trapalhão favorito. Entretanto, não aguento essas intensas homenagens pós-vida. Depois que morre todo mundo é santo, é o bonzinho, era o melhor, tinha talento, capacidade, ia longe, e blá, blá, blá, blá. Se a pessoa era tão importante assim, então aqueles que ficam horas discursando para que todos saibam quem foi o morto, deviam fazê-lo enquanto o homenageado ainda vive. Quando alguém morre na televisão, já começa, fulano foi isso, tinha isso, aquilo. Me dá enjôo, porque na vida ninguém estava se importando com o que a pessoa era ou deixava de ser. Aí depois que morre, todos se voltam para o ser invisível até então. Eis realmente A Hora da Estrela de Clarice Lispector.

Por isso, que eu não quero ninguém no meu enterro discursando que eu fui isso, deixei de ser, tinha aquilo ou podia ter. Se alguém quiser me dizer alguma coisa, me elogiar, me criticar, dizer o que tenho de bom ou ruim, o faça enquanto eu estou aqui, porque depois pouco vai me importar. Existem muitos momentos na vida, em que precisamos ouvir de alguém uma palavra de incentivo, de encorajamento, pra poder seguir em frente mais confiante, e se essa palavra só vier depois que formos embora, de que irá nos adiantar? A verdade é que enquanto estamos aqui, não significamos muito para as pessoas, ou elas mal nos notam, preocupadas com o seu cartão de crédito, com o filhinho querido, com a roupa da moda, o batom ou o netbook. É clichê dizer que está tudo errado, mas confesso que às vezes adoraria soltar uma bomba gigante nesse nosso planetinha.

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