sábado, 8 de maio de 2010

Tatuagens Removíveis

Quem nunca bebeu da fonte que ousou dizer jamais beberia? Pois é. Desde pequeno venho renegando muitas fontes. Aliás, parece que quanto mais renego, mais sinto sede dela no futuro. Quando criança não podia ver cheiro-verde no feijão que saía catando todas as folhinhas, caso contrário, não comeria. Cebola então, nem pensar. Cheguei a jurar que jamais faria um orkut, que nunca sairia satisfeito de um cabeleireiro, que não aprenderia a cozinhar em hipótese alguma. Não gostava de música clássica, nem tinha paciência com os clássicos do cinema. Achei que sempre teria náuseas ao viajar, que nunca trocaria um almoço por um cheeseburger e que não iria jamais tomar uma vacina sozinho.

Mas o que acontece na cabeça da gente com o passar dos anos? Amadurecemos nossos conceitos, nossas ideias, nosso paladar? O bom é que por necessidade ou crescimento, conseguimos mudar e descobrir novos sabores, novas cores, novas experiências. Hoje o cheiro-verde é indispensável no feijão. Pizza sem uma rodela de cebola não tem graça. Não só fiz meu orkut, como consegui que minha mãe e minha tia fizessem um. Já saio do cabeleireiro satisfeito. Consigo comer o que cozinho. Já troquei almoço por cheeseburger, viajei sem vomitar. Alugo os clássicos do cinema. Lavo louça ao som de Chopin e o mais incrível, fui por determinação própria tomar vacina no braço sozinho.

Ainda existem algumas teorias que continuo defendendo, como a distância do alho, ir ao cinema sozinho e a preferência pela solidão. Talvez consiga superar algum dia, mudar de opinião, assim como tem acontecido com a tatuagem. Sempre afirmei que odiava tatuagem, que era feio, de mau gosto e que nunca faria uma em mim. Bom, mais uma vez me surpreendo com a sede dos poços rejeitados. Ainda não cheguei a fazer uma tatuagem, mas a ideia de "nunca" já ficou bem pra trás e abre caminho para "por que não?". Hoje já penso na possibilidade de tatuar sim alguma parte do corpo, não tão radical como alguns, mas algumas tatuagens seriam interessantes.

Pensando nessa ideia, acabei descobrindo um site que disponibiliza tatuagens virtuais para serem coladas nas nossas fotos. Assim, podemos ver como ficaríamos se nos submetêssemos a alguns desenhos. Aproveitando o ensejo, criei várias tatuagens em algumas fotos minhas. Coloquei no braço, na perna, nas costas, no rosto. Logo abaixo estão algumas das fotos em que colei as tatuagens. De repente, aquele monte de desenho que me pareciam horríveis pelo corpo, ganham uma nova cor e sentido aos meus olhos. Deve ser a necessidade de busca pessoal, de mudança, de transformação. Um anseio de explorar e descobrir os sabores que há tanto agradam a diversos paladares. Vez por outra escuto alguém me dizer: "mas você num disse que não gostava disso?", e aí é que percebo que algo em mim mudou com relação àquilo. Quando vejo hoje meu primo de 11 anos catando o cheiro-verde no seu prato, penso logo que aquelas lindas folhinhas verdes serão um ingrediente essencial pra ele também no futuro.

O link do site que tatua as fotos: http://www.tatmash.com/

3 comentários:

  1. Sei que você vai detestar a remissão, mas há de concordar que a trilha para esse post seria "prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo".
    me too.

    a propósito, gostei da tatoo nas costas! ^^
    xerO'

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  2. O texto ficou melhor que as fotos, mas acho que você poderia fazer uma tatuagem de "vera".

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  3. Sabe q vc me surpreende a cada vez q leio seu blog. Além de sua retórica perfeita, ainda vem com umas ideias mirabolantes. kkkkk. A proposito, se fizer um tubarão no rosto, .......sei não visse....
    Saudades de ti amigo. Léa

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