segunda-feira, 17 de maio de 2010

Sei lá... Maneco Tem Sempre Razão

Maneco! Maneco das Helenas, do Leblon, da família. Maneco da Regina Duarte, do Doutor Moretti. Maneco do amor de mãe incondicional, das mulheres e suas paixões. Maneco do singelo. Maneco da Bossa Nova, do Tom Jobim e da Miúcha. Maneco, Maneco, Maneco... Eis um homem que consegue um dos maiores feitos da teledramaturgia brasileira, quiçá do mundo. Com seus folhetins recheados de realismo, de uma vida como a minha, como a sua, consegue manter por mais de 200 dias no ar uma história sem vilão. Tudo bem, alguns podem se queixar pela ausência dele, mas na busca de uma verdade próxima ao dia-a-dia da sociedade, Maneco consegue criar uma trama, na qual todos podem ser os vilões e os mocinhos, afinal, ninguém é perfeito e todos estamos susceptíveis a falhas, a cometer erros e a mudar.

Me lembro da primeira novela de Manoel Carlos que assisti. Ainda tinha 6 anos, quando me envolvi nas aventuras das crianças Bia e Alvinho, e nas armadilhas de Débora. Ainda havia a figura forte da vilã em Felicidade, o que não demorou muito a se esfacelar como foi em História de Amor e Por Amor, sua primeira novela no horário nobre. As vilãs de Por Amor eram tão fortes como frágeis. Se Laura era obcecada por Marcelo, a ponto de cometer loucuras, era também sensível e sonhadora; e Branca, uma mulher de personalidade forte e infeliz no casamento, não suportava a solidão e sonhava viver seu antigo amor. Figuras humanas.

Prefiro assim. Ao invés de vilões capazes de tudo sem o menor escrúpulo ou fragilidade, gosto de tipos humanos, com suas qualidades e seus defeitos, suas forças e suas fraquezas. Um feito memorável aconteceu em Mulheres Apaixonadas, quando todos, ou quase todos os personagens, tiveram seus momentos de protagonista e os de figurante também. E como Maneco fez isso? Bom, o nome da novela já dizia, se a trama era sobre as mulheres e suas paixões, nada mais justo do que enfocar cada história no seu devido tempo. E assim, a paixão de Helena teve seu momento, a de Heloísa, a de Luciana, a de Edwiges, de Clara e Rafaela, de Raquel, de Estela... Quando uma história se destacava, as demais se afastavam, até chegar o seu momento. Foi uma novela incrível. A minha preferida do Maneco.

Viver a Vida se foi. Um final justo. Nada de especial. Por momentos passava a sensação de ser apenas mais um capítulo da novela e que no dia seguinte a teríamos de novo. Bem Maneco. Olha, já fui bastante noveleiro, acompanhei novelas de diversos autores, e digo que só teve um, ou melhor, uma autora que me encantou tanto quanto o Maneco. Ivani Ribeiro. A responsável pela sensacional A Viagem, a melhor novela com abordagem espírita até hoje. Quem quiser atirar pedra, fique à vontade, tem todo o direito, muitos até o criticam por aparecer somente a elite do Leblon em suas histórias, que seja! Porque pra mim, podem-se passar anos, se eu souber que uma novela de Manoel Carlos vai estrear, não duvidem que reservarei meu lugar em frente à primeira tv que aparecer.

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