domingo, 25 de abril de 2010

Abelha na Janela

Recomeçar! Abrir novamente as portas para o futuro. Dar-se uma nova chance. Tentar ousar. Buscar novos desafios. Se encontrar. Aprendi e espero nunca mais esquecer, que após uma noite de tempestade, o sol sempre brilha pela manhã. E a tempestade pode durar uma noite, uma semana, um mês, um ano, não importa, no final sempre se dissipará. Algumas vezes as tempestades são essenciais na caminhada, nos guiam para o rumo certo, nos distancia um pouco também, mas já não somos os mesmos aos primeiros raios do sol.

Não se percebe da noite para o dia quando a mudança acontece, nem determinamos que a partir do dia seguinte seremos outra pessoa. Existem movimentos externos e principalmente internos que nos impulsionam na direção da retomada. De repente, sente-se uma necessidade de buscar novos sentidos, de vivenciar novas emoções, de caminhar sozinho ao lado dos que te cercam e em busca dos verdadeiros ideais.

Certa vez estava pensativo na cama do meu quarto, quando observei uma abelha que entrou pela janela rapidamente. Ela deu um vôo pelo quarto e partiu em busca da janela novamente, porém, acabou se esbarrando no vidro e passou a lutar insistentemente em busca da saída. A liberdade estava ali, bem na sua frente, mas ela não conseguia atravessar aquele obstáculo que a impedia de ser livre. Fiquei observando. Ela tentava ir por todos os lados, mas quando se aproximava da base de alumínio, onde mais adiante poderia encontrar a saída, ela voltava, achando que por ali não sairia.

Essa maratona durou alguns minutos. Eu então me levantei e me aproximei da janela. Comecei a bater pelo vidro de fora, tentando indicar o caminho da saída, falava com ela como se ela pudesse me compreender, queria lhe devolver a liberdade, mas não poderia fazer sozinho ou ela me picaria, e por mais esforços que eu fizesse, dependia somente dela sair dali. Ainda tentei pegar um copo, encostar no vidro com ela dentro, fazê-la caminhar por ele e levá-lo até o vento. Mas não obtive muito sucesso. Ela caminhava um pouco pelo copo e quando eu ia tirar para levá-lo até a saída, ela voava e voltava para o vidro.

Finalmente, depois de todo o estresse que eu havia lhe provocado, tentando tirá-la de lá, a abelha caminhou na direção certa pelo alumínio e ao encontrar o vento desapareceu como um foguete, desfrutando de sua liberdade novamente. Aquilo me deixou feliz. No momento não entendi bem direito, mas depois compreendi que aquela cena representava mais do que uma simples abelha perdida encontrando a saída. Há momentos na vida em que ficamos presos como a abelha, sem encontrar uma saída, e por mais esforços que façamos não conseguimos transpor a barreira que nos impede de alcançar a nossa liberdade, que muitas vezes está bem ali atrás do vidro.

A nossa esperta abelhinha conseguiu encontrar o caminho certo porque não parou um segundo sequer de tentar buscá-lo. Seus esforços aliados às minhas tentativas a guiaram no rumo correto. Assim, a saída dela não é apenas a sua saída, é o resultado de todo um esforço concentrado nesse objetivo. Então, como havia dito, quando decidimos mudar, retomar algo, recomeçar uma história, não é uma decisão aleatória, é fruto de uma intensa luta que travamos conosco, sem a qual jamais encontraríamos de novo a liberdade. É preciso ser uma abelha, desejar sempre a saída, mesmo com os desafios encostados no nosso rosto, para quando alcançarmos o vento, sair fortemente voando em busca do infinito.

Um comentário:

  1. se você é essa abelha, quem é que está fazendo o 'seu' papel e te ajudando a encontrar a saída?

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