segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Velhos Sonhos

O que um perfume, uma música ou uma ‘novela’ não são capazes de fazer. Por mais que as pessoas tentem me convencer do contrário, me chamem de nostálgico, de baú, é inevitável o fascínio que desenvolvo e a ligação que ainda preservo com o meu passado. Somos hoje o fruto necessariamente das nossas escolhas, dos caminhos tomados, enfim, do nosso passado. Desde muito pequeno fui encantado pelos mais de seis meses de aventuras e desenlaces das tramas da televisão brasileira. Me interessava bastante as mudanças que determinados personagens sofriam, o seu estado inicial, as pessoas que conhecia e não conhecia no início; e o seu estado final, com as pessoas que passou a conhecer e as que ficaram pra trás.

Imaginava que a nossa vida era exatamente assim. Hoje estamos aqui, amanhã ali, hoje conhecemos algumas pessoas, amanhã outras que nunca vimos estarão no nosso circulo de amizades. A grande diferença é que na telenovela existe o Vale a Pena Ver de Novo para podermos embarcar em todos os estágios como se vivêssemos tudo novamente. Na vida real, isso não acontece. O que passou, passou. No máximo fica alguma fotografia, um pequeno vídeo, mas todas as etapas nunca mais serão recuperadas. O tempo corre, as pessoas mudam, os sonhos se perdem, os momentos são esquecidos. Por quê?

Essa semana acompanhando alguns capítulos da atual reprise do Vale a pena Ver de Novo, Mulheres Apaixonadas, descobri que se ligamos nossos sonhos, nossos momentos a um perfume, uma música ou mesmo uma telenovela, podemos sim reviver muita coisa. Esse é o poder mágico que determinadas substâncias têm sobre algumas de nossas percepções. O cheiro atravessa o corpo e leva a alma aos lugares mais remotos do tempo, assim como a melodia nos faz voltar dez anos em apenas 3 minutos. Desse modo, encontrei outro túnel do tempo que nos faz viajar sem sair de onde estamos: a telenovela.

Quem nunca tentou se lembrar onde estava, o que fazia e até os detalhes da sua vida no ano da novela que está sendo reprisada? É sempre assim, basta passar a propaganda da reapresentação que já começa “ah, nessa época eu morava em tal lugar”, “eu lembro que eu sempre perdia o primeiro bloco porque estudava à noite”, “eu adorava dizer tal bordão”. É o passado dizendo “olá” de maneira bem sutil. Do mesmo modo aconteceu comigo.

E Mulheres Apaixonadas tem uma importância muito grande quando falo de novelas que nos lembram o passado. Ela foi ao ar no meu primeiro ano de cursinho em Natal, um garoto de 18 anos, cheio de sonhos e acreditando firmemente que todos eles poderiam acontecer. Suas músicas eram como trilha sonora dessa minha fase. E assim, sem perceber, Mulheres Apaixonadas se transformou em um grande detalhe da minha vida em 2003. Hoje, escutando a melodia, vendo os personagens, consigo até sentir o cheiro do apartamento, das revistas, do bairro, das roupas, o cheiro dos sonhos, de uma fase inesquecível.

Quando alguém me pega hoje acompanhando a novela em alguns momentos que tenho para assistir, pensa que se trata apenas do gosto por ela, dos conflitos, da história. Não! Acompanhar Mulheres Apaixonadas é como tentar resgatar aqueles momentos perdidos, aqueles sonhos que enchiam de alegria os meus dias. E como gostaria de poder vivê-los novamente, de poder ter outra vez 18 anos, de sonhar... ah, sonhar!!

Sempre comparando as novelas com a nossa vida, nem sempre estamos satisfeitos com o estado final de determinados personagens, preferindo até mesmo seu estado inicial. Na vida acontece o mesmo. Eu tinha bem mais força e paixão pela vida em 2003 do que agora. Respirava fielmente todos os sonhos que hoje a universidade conseguiu destruir quase totalmente. Posso até estar mais rico em sabedoria do que antes, mas trocaria tudo pela convicção e anseio de outrora. Contudo, fico feliz que ainda possa recordar esse e outros passados mágicos através de elementos incríveis que o tempo não pode jamais apagar.

Outro dia baixei pela internet o cd Meu Jeito de Ser de Angélica de 1993, uma outra grande recordação. Escutá-lo enquanto dou minha geral no apê uma vez por mês, me transforma, eu viajo, grito, tento fortemente retornar àqueles momentos, àqueles lugares. Nossa! Algumas vezes até consigo, e quando isso acontece, a emoção é inevitável. Não sei como as outras pessoas pensam, mas o que me faz agüentar a saudade dessas épocas e só viajar de vez em quando, é a sensação de que um dia elas irão voltar, é uma certeza de que poderei reviver algo semelhante de novo no mesmo lugar, mesmo que algumas vezes parece impossível. É como se ainda estivesse construindo a novela para que um dia ela seja reprisava novamente no Vale a Pena Viver de Novo.

3 comentários:

  1. nossa como vc escreve bem, tudo qui vc escreveu e realidade, seus texto sao dimais, de onde vem tanta expiraçao, vc e nota 1o ou mais,te adimiro muito cara,sou teu fao.

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  2. Quando os momentos passam ficam-se as lembranças de momentos que nos divertiram ou deixamos de aproveitar mais. As vezes momentos tão pequenos nos faz alargar sorrisos em certas horas até impropriase quando nos descuidamos estamos nós a pensar em alguémquerido, nima música, num cheiro, num gosto especial... são detalhes importantes que ficam armazenados em nossa mente,para que nos façam recordarde pessos ou de momentos que dão sentido as nossas vidas e esses flashes não acontece por acaso, agora mesmo falando em recordações faça um teste você há de concordar que existem momentos que são impossíveis de se esquecer. Pense em um agora, aquele bem marcante! Momentos assim num dá para esquecer principalmente quando são bons!!!
    Já disse q amo seus textos?
    ...............................
    Amo todos!
    ...............................
    Sempre.

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  3. Nossa, pensei que somente eu viajasse nas recordacoes com trilhas de novelas, que sentisse aquele aperto no coracao de saudade da epoca em q se passava as novelas, em especial, MULHERES APAIXONADAS. me faz relembrar o quanto eu acreditava na paixao fulminante, uma adolescente desabrochando pro amor. realmente chega a doer no peito a vontade de retornar aqueles momentos.

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