segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Até Quando??!

É só virar as páginas dos jornais ou ligar a televisão que encontramos: o menino João Hélio, o caso Isabella, João Roberto, Cara Marie. Crime atrás de crime. É por atrocidades como essas que outra linda jovem não está mais aqui para comemorar o seu aniversário. Com uma vida brilhante pela frente, mas interrompida aos 22 anos por dois psicopatas, a encantadora atriz Daniella Perez faria hoje, 11 de agosto, 38 anos. Os anos correm e parece que a realidade e a justiça brasileira continuam paradas no tempo. Há mais de 15 anos do brutal crime, onde os personagens centrais eram colegas de trabalho de uma novela bem sucedida no horário nobre da televisão, ainda encontramos pais que passam pela mesma dor e descaso judicial da autora Glória Perez.

Se já é revoltante e aterrorizador descobrir que aquele ser que um dia você carregou no colo foi arrancado de você de uma maneira tão abrupta e monstruosa, como é então conviver com a incerteza da correta punição ao culpado? Isso quando ele ainda é localizado. Vi o depoimento da mãe de Cara, no Fantástico ontem e me comovi. Primeiro pelo destino trágico da sua filha e segundo por sentir que ela realmente acredita na enganosa justiça brasileira, que diz ter pena máxima de 30 anos e o condenado nunca chega aos 20 anos no júri. Passar então esse tempo todo na prisão, nem pensar.

E temos o exemplo clássico da justiça brasileira do nosso país. Os assassinos confessos de Daniella Perez, condenados a 19 anos, já estavam nas ruas pouco mais de 6 anos após o tenebroso ato. Eu era apenas um garotinho de 7 anos que acompanhava todas as noites as intrigas, as paixões e os rolos dos personagens que compunham a novela De Corpo e Alma, mas já tinha entre os meus personagens preferidos, Yasmin, a personagem que a Dani vivia com grande realismo. O impacto do crime foi tão grande que conseguiu penetrar fundo o meu interior.

Era realmente inimaginável. O que levaria um rapaz de 23 anos a arquitetar um plano diabólico com a sua mulher grávida, para tirar a vida da sua colega de trabalho, filha da autora da novela em que ele mesmo trabalhava e desempenhava um papel de destaque em seu primeiro folhetim? Confesso que essa é uma pergunta que levarei sempre comigo. Porque não dá pra imaginar que o egoísmo e a inveja foram as ferramentas-chefe que culminaram nessa ação.

O pior de tudo foi a versão que ele apresentou na época de que Dani teria um caso com ele. Versão que ainda hoje é a válida para muitas pessoas desinformadas. Outro dia, conversando sobre o caso com uma colega da universidade, descobri que era essa a versão que ela tinha sobre o crime. Depois do espanto, destrinchei todo a verdade dos fatos e surpresa ficou ela por desconhecer há tanto tempo o que realmente aconteceu na noite de 28 de dezembro de 1992.

A luta de Glória Perez na justiça para acabar com as regalias dos presos e incluir os homicídios qualificados na lista dos crimes hediondos foi memorável. Um exemplo de força e coragem de mulher e mãe indiscutível. Mas acredito que deveria ser uma luta constante de todos nós brasileiros. Outro dia entrei no site do MRC (Movimento de Resistência ao Crime) e encontrei uma lista enorme de vidas interrompidas pelo crime. Jovens, pais de família, uma infinidade de homicídios cometidos contra inocentes que como diz no site, não sabiam que estariam ali ilustrando aquela página. No ranking da Organização Mundial de Saúde, o Brasil é o 3º colocado com 48,5 óbitos por grupo de 100 mil adolescentes e as chances de um jovem morrer assassinado são mais altas do que as do restante da população.

É preciso tentar agir para mudarmos a realidade brasileira quando ainda é tempo. Afinal eu, você, nossos familiares, todos estamos sujeitos a ser o próximo da lista da criminalidade. E como diz o slogan do MRC, “junte-se a nós por amor, antes que alguém o faça pela dor”, não dá para ficar mudando de canal ou virando a página de jornal para fingir que isso não acontece e nem ficar apenas se comovendo, enquanto a criminalidade corre solta e corta o fio da vida, dos sonhos e dos projetos de vida de milhares de pessoas pelo país. Quem quiser entrar em contato com os responsáveis pelo Movimento de Resistência ao Crime é só enviar um e-mail para: escuta@atequando.com.br, ou acessar o site http://www.atequando.com.br/ e participar de um abaixo-assinado para a realização de um plebiscito para alteração do artigo 228 da Constituição Federal para reduzir a maioridade penal, e começar a dar a nossa parcela de contribuição na luta por uma vida digna e descente para todos nós brasileiros.

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