Os complexos mecanismos que compõem a lógica da vida moderna, interferem diretamente na vida pessoal de cada um. O desgaste físico e psicológico afeta o equilíbrio do ser humano e por isso, não raramente, são evidenciadas crises de estresses de altos níveis. Nessas horas recorremos às mais inusitadas saídas para driblar a tensão e continuar na “roda-dança”. Daí a sobrevivência de um profissional que admiro de coração: o psicólogo. Ele entra em cena para acalmar os ânimos e dizer: “ei, você não está sozinho no mundo”.
Quando criança escutava dos mais velhos que psicólogo era médico de doido. Uma relação leiga que se estabeleceu pelo trabalho do profissional voltado para a mente. Porém, o psicólogo nem é quem lida especificamente com os doentes mentais. Nesses casos surge a figura do psiquiatra, que trata através de medicamentos, ao contrário do terapeuta que apenas trabalha ao longo dos anos, a mente e as emoções do paciente. Bem, essas teorias perdem logo as facetas quando nos deparamos perturbados com os conflitos sociais.
Havia perdido mais de 10 kg em 3 anos e 3 kg em apenas dois meses. O desgaste emocional, ocasionado pelas mudanças bruscas de moradia, estavam me desviando dos principais objetivos daquele ano. Era ano de vestibular, o cursinho apertava o juízo e os problemas particulares me perturbavam ainda mais. Me vendo naquela situação deprimente, minha mãe decidiu procurar um psicólogo para mim. A idéia me pareceu bastante confortadora, apesar do “money” que íamos desembolsar.
Pouco tempo depois, estava eu para minha primeira consulta com a doutora... Pronto! Aqui que começa o problema. Foi uma fração de segundo e a doutora pronunciou pela única vez o seu nome. Algo semelhante a Gemima, Germina, Germana, Agemima, assim. Encabulado com tanta situação me preocupando e ansioso demais para pronunciar um “A” naquele dia, não perguntei novamente o nome dela, nem encontrei nenhuma plaquinha que me ajudasse a esclarecer as idéias.
Nossas consultas não duraram mais que 4 meses, uma vez por semana. E nesse período evitei ter que chamá-la ou mesmo perguntar novamente o seu nome. E quanto mais o tempo passava, mais difícil ficava de fazer essa pergunta. Quando tinha que ligar algumas vezes para a clínica para saber se poderia trocar de horário, perguntava sempre pela “psicóloga”. E quando me encostavam na parede para saber de qual estava falando, balbuciava algo do tipo: “ggggiiimima”. E mesmo quando elas pronunciavam o nome correto naquela – “ah, fulano?”, eu não conseguia entender. Minha mãe a chamava de Argemira.
Uma vez tentei procurar o nome dela na lista de consultas da recepcionista, esquivando o olho a ponto de o virar quase em um ângulo de 180º. Mas nem toda essa acrobacia visual permitiu decifrar esse mistério que me assolava o juízo. Cheguei a puxar conversa com outros pacientes para saber se também se consultavam com ela para que pudessem citar seu nome, mas não tive a sorte de encontrar ninguém que fizesse terapia com ela naqueles horários.
Assim, os meses foram se passando. Fui conseguindo desabafar, expor as minhas mazelas, os meus aborrecimentos e alegrias, mas só não conseguia dizer que não sabia o seu nome. Na verdade, acho que essa aventura serviu para me descontrair um pouco mais e me ajudar na saída do poço. Uma vez levei uma cópia da fita do filme que fiz “A Aventura Está Lançada” para que ela pudesse assistir e comentar comigo as emoções que passei na época. Bem, isso ainda foi quase no início das sessões e até a última semana ela ainda não havia assistido todo.
O ano acabou e minhas sessões também. Não passei no vestibular naquele ano. Acho que os problemas acumulados ao longo dele foram maiores do que o conhecimento assimilado. Enfim, mas estava recuperado para um novo desafio. Quando as aulas retornaram ainda fui falar com Gemima, Germima, Agemima... , acreditando que ela iria me devolver o filme. Ela havia esquecido. Bom, depois desse dia não há vi mais. A fita ficou com ela. Se ainda a tem hoje e terminou de assistir algum dia, não faço idéia, mas também não tenho nem mais cara de ligar para a clínica para perguntar novamente pela “psicóloga” e me enrolar outra vez em um novelo de lã quando elas me perguntarem –“qual?”.
Quase morri de rir lembrando dessas suas historias engraçadas!!!!! Voce sabe elas tbm são inspiraçoes pra minhas maluquices do dia a dia, pelo seu comentarios de hoje nesse blog nata-se que houve um aevolução muito positiva. E com certeza sua psicóloga iria ver que as secões serviram bastante uma pena hoje vc não saber o nome dela, ela iria ficar orgulhosa de vc como eu estou agora de vc falar do seu passado e de coisas do cotidiano, isso ajuda muito! Saudade de conversar contigo...
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