sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Eternamente Seis

O romance brasileiro Éramos Seis de Maria José Dupré, publicado em 1943 e premiado pela Academia Brasileira de Letras foi uma das obras brasileiras mais adaptadas para o áudio-visual. O livro foi traduzido para o espanhol, francês e sueco e ganhou quatro adaptações em forma de telenovela e uma adaptação para o cinema.

Maria José Dupré ou Sra. Leandro Dupré, nasceu em Botucatu, estado de São Paulo em 1905. Estudou pintura e música e cursou a Escola Normal Caetano dos Campos, quando se formou professora. Sua vida na literatura começa após casar com o engenheiro Leandro Dupré. Foi responsável por vários clássicos da literatura infanto-juvenil, mas foi a história que se passa na São Paulo de 1921 a 1942, quando a cidade vivia em volta de casas antigas, intercaladas pelas linhas dos bondes e com uma população de 600 mil habitantes, que a consagrou.

Nesse cenário onde se encontram tantas mulheres dedicadas ao lar e outras que sonham que a independência profissional surge a história de Dona Lola e sua família, uma mulher batalhadora e dedicada ao marido Júlio e aos seus quatro filhos, Carlos, Alfredo, Julinho e Maria Isabel. A vida de Lola é mostrada desde a infância das crianças, até a sua velhice. Conforme os anos passam, a vida de Lola também se modifica. Júlio morre sem saber que sua casa ainda não foi paga, Alfredo some pelo mundo, Isabel se casa com um homem separado e Julinho se casa com a filha do patrão do seu pai e sofre com os ataques da mulher. Assim, os seis membros da família que dão nome à obra vão se desfalecendo.

A primeira adaptação do livro se deu ainda nos anos 40. Uma produtora argentina se interessou pelo enredo e filmou a história, obtendo grande êxito. Uma década depois do filme, no ano de 1958, a Rede Record fez sua primeira versão do livro em formato de telenovela ao vivo e com apenas duas exibições semanais. Gessy Fonseca foi a protagonista da trama. Nove anos mais tarde, em 1967, a TV Tupi resolveu adaptar o romance, tendo o roteiro de Pola Civelli e a direção de Hélio Souto. Cleyde Yáconis deu vida a personagem Lola e Silvio Rocha ao seu marido Julio. A novela ficou no ar apenas durante um mês no horário das 19h.

A terceira versão da obra foi produzida novamente pela TV Tupi no ano de 1977 com texto de Rubens Ewald Filho e Sílvio de Abreu, que iniciava sua carreira de roteirista. O papel de Julio aqui ficou com Gianfrancesco Guarnieri e o de Lola com Nicette Bruno, aclamada pela crítica e vencedora de diversos prêmios pela sua interpretação. Foi exatamente essa versão que deu base para sua última adaptação pelo Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) em 1994. A novela foi ao ar de 9 de maio a 5 de dezembro, em 180 capítulos, sendo a única novela da emissora a ganhar o Troféu Imprensa na categoria de Melhor Novela. Irene Ravache foi quem comoveu e envolveu o país no drama de Lola nessa versão, ao lado de Othon Bastos.

A Revolução Constitucionalista de 1932 de São Paulo esteve presente na novela. O estopim da revolta no centro da cidade em 23 de maio foi retratado e serviu de pretexto para a morte de Carlos, o filho mais velho de Lola. Sua morte fez referência aos cinco jovens assassinados por partidários governistas que deu origem a um movimento de oposição conhecido como MMDC (Martins, Miragaia, Dráuzio e Camargo), as iniciais dos nomes dos jovens. O fato servia de crítica social à ditadura imposta por Getúlio Vargas e alertava ficcionalmente, com a figura de Carlos, sobre a possível existência de outros assassinatos desconhecidos na revolta.

Éramos Seis foi considerada o último grande sucesso em termos de telenovela da TV Tupi. Sua versão de 1977 foi a mais fiel adaptação do livro de Maria Dupré. O remake do SBT de 1994 foi o maior sucesso de telenovelas já produzidas pela emissora. A novela alcançou 20 pontos de audiência e chegou a bater de frente com a Rede Globo, que apresentava na época o remake de A Viagem no mesmo horário.

Mesmo desconhecendo a obra original e as quatro primeiras versões no cinema e na televisão, a adaptação do SBT foi extremamente gratificante e impecável desde o roteiro à direção, ambientação, trilha sonora e interpretação dos atores. Uma história simples, comovente e cheia de realismo, que tornou possível a inúmeras gerações o conhecimento de um clássico escrito 50 anos antes.

Éramos Seis na história, éramos seis na quantidade de obras produzidas. Um livro, um filme e quatro telenovelas. Eternamente seis.

6 comentários:

  1. Uma grande obra Samuel.
    Sabia que Éramos Seis foi a primeira novela que eu assisti?
    Me inspirei muito nela pra fazer muito do que faço hoje em dia. Sua narração ficou impecável. Sou suspeito a falar, pq sempre reparei a qualidade do seu texto.
    Que bom ter um espaço só pra eles!

    Abraço

    ResponderExcluir
  2. A historia q se passava na novela não era bem a realidade da minha familia na epoca mas era o mesmo numero de pessoas, porem alguns dramas fizeram parte não so da minha mas acredito que de muitas tbm , deve ser por isso que a mesma fez muito sucesso.Assisti a novela e em seguida li o livro. Seu texto ficou muito original. Parabens! Ainda preciso te dizer mas coisa? Do tipo sou sua fã e q vc tem muito talento? Advinhe quem sou e não precisara me pagar em um milhao de espigas... rsrsrsrsrs.

    ResponderExcluir
  3. Mas era só o que me faltava!!!
    Descobri quem escreveu o primeiro comentário e agora vem outro.
    Não sei quem é vós mercê, que suponho ser do sexo feminino.
    Vós mercê poderia se identificar, por favor?
    Ou vou ficar deduzindo absurdos.
    Deixa ver, não acho que seja alguém da minha sala da facul e nem do teatro e poucos menos do CCAA, então ou é da faculdade ou de São Miguel.
    Ah, deve ser uma pessoa culta, porque leu o livro depois.

    =O

    ResponderExcluir
  4. vai ter que adivinhar mesmokkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

    ResponderExcluir
  5. Gostei bastante dessa novela mas como sou jovem assisti apenas pelo SBT ..Eu gostava dessas versoes da emissora. Parabens pelo seu textooooooooooooooooooo ficou demais

    ResponderExcluir
  6. Éramos seis foi um dos livros mais lindo que li!
    E eu já li inúmeros livros... A lei-
    tura prende, arrebata, extasia...
    E a novela? Maravilhosa!
    Poucas obras literárias, ao serem
    levadas para a televisão, foi tão
    bem elaborada. Assim como o livro,
    Éramos Seis foi uma das melhores novelas da televisão brasileira, ha-
    ja visto que o Brasil faz a melhor no
    vela do mundo!!!
    Voltemos ao livro: Magnífico!
    Leva-nos ás lágrimas, tamanha a
    emoção que nos envolve...
    Cada personagem traz sua peculiaridade, e de alguma forma identificamo-nos com eles: Ora nos
    vemos refletidos no enredo, ora achamos que conhecemos os personagens, já ouvimos aquelas histórias, já testremunhamos aqueles fatos: Amor, afeto, desafeto, o descaso para com os idosos, as diferenças sociais, os
    sonhos que deixamos no caminho...
    Éramos seis: uma celebração à vida,
    aos anos dourados...

    ResponderExcluir

Colheitas