sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Depois da Projeção

Quando as luzes se apagam começa a emoção nas salas de cinema. Mais de 90 minutos de um mergulho no imaginário, nos sonhos e no inconsciente de cada um. Durante esses mais de 90 minutos de escuridão acompanhamos vidas inteiras dentro de uma tela. Quando as luzes voltam a se acender é o fim da viagem e o recomeço da caminhada. Nossa vida é como um filme que começa ansioso e cheio de expectativas, mas pode terminar sem aviso prévio. Antes de nos prepararmos para os créditos, somos ofuscados com a luz do último instante e precisamos sair da sala, mesmo que ainda desejássemos permanecer nas imagens do que acabamos de viver. Não temos domínio sobre nosso futuro, a qualquer hora podem acender as luzes e desligar os projetores e o filme termina para cada um de nós.

Assim foi o último fotograma da vida do ator australiano Heath Ledger. Uma carreira promissora e bem sucedida interrompida por alguns comprimidos para dormir. Algo tão banal, que poderia ter sido evitado, pôs créditos no único filme que não poderia terminar agora. Uma morte prematura que chocou o mundo. Sem dúvida o cinema está de luto. Quem sabe quantos planos ele ainda fazia para sua vida? Quantos projetos? Se na cabeça dos milhões de fãs espalhados pelo mundo inteiro nunca passou a idéia de vê-lo tão cedo em um plástico preto empurrado pelos paramédicos, imaginem o próprio Ledger, no auge de uma carreira que já lhe rendera indicações ao Oscar e diversas premiações? Esse filme realmente acabou cedo e arrematou todos de supetão. Imaginem chegar em casa, pegar alguns remédios a mais para conseguir descansar e dormir, e acabar encontrando a última cena da história.

Aprendemos ainda no jardim de infância que a vida é feita de ciclos e que todos, mais cedo ou mais tarde, irão chegar ao inevitável ciclo final, onde os mistérios que o cercam são desconhecidos e apenas buscamos orientações nas mais diversas crenças, para encontrar conforto e uma explicação plausível para o que nos espera depois da última projeção. Mas é inevitável a sensação de impotência e fragilidade humana diante das letras “The End”. A partida de alguém sempre mexe com os sentimentos dos que ficam, mesmo que imaginem o que irão encontrar também algum dia. E quando quem encurta o filme é alguém tão jovem, parece que ficamos injuriados com o enredo da vida. Porque aprendemos também na escola que todos temos que passar por cada um dos ciclos da vida, e não aceitamos a ruptura dessa série, não admitimos que o filme acabe no clímax da história.

Mas não podemos controlar os nossos passos. Determinadas pessoas arriscam a vida diariamente acreditando num ilusório pensamento de que somos invencíveis, que temos a vida nas mãos, quando a realidade é mais cruel e sorrateira que um câncer. Que pena que nessa história já não podemos fazer edição e cortar o que não seria legal. Que pena que já não podemos mudar o roteiro e refazer a história, alterando os fatos e tornando melhor o que poderia ser diferente. Mas esse é o filme da vida e só Deus constrói o roteiro e edita as seqüências. Embora grandes dos melhores filmes já produzidos no cinema terminaram de forma trágica e ainda assim ganharam prêmios e elogios da critica. Que o diga “Brokeback Mountain”, o filme que consagrou Ledger e o tornou tão imortal quanto o seu cáuboi Ennis Del Mar.

2 comentários:

  1. "Isabeli disse" parte II

    Same care tu escreve bem demais, fala serio!!!!!Tu tem q publicar tuas histórias, crônicas e etc etc etc...pq mta coisa ainda estar p vir.Com relação a morte desse ator, realmente foi lamentavel.De repente tudo acaba...as luzes se acendem e temos q seguir para o desconhecido... eita to inspirada kkkkkkk

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  2. Realmente n~ podemos prever o futuro nem daqui a poucos minutos . Nao podemos esperar a vida passar temos q lutar enquanto há vida e aproveitar o maximo possivel.

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