segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Um Mergulho no Amanhã

Outro dia enquanto aguardava minha vez de ser atendido em um consultório de oftalmologia, entraram duas crianças com seus pais e fiquei observando os quatro. Eram dois meninos, tinham 4 e 6 anos mais ou menos. Ao contrário de muitas crianças que por essa idade costumam ficar inquietas em consultórios, eles pareciam calmos e tranqüilos. A mãe era quem estava mais inquieta porque a autenticação do filho mais novo para a consulta não estava sendo confirmada. O pai pouco menos se importava com isso. E eles permaneciam ali, olhando quietos o ambiente, a tv, com poucas e vagas conversas. O fato me chamou a atenção por me fazer mergulhar na imaginação e me ver em alguns anos casado, com meus filhos e pensando se eu e Ingridy seríamos parecidos com a realidade daquele casal.

O meu desejo de ser pai sempre foi mais alto do que mesmo o casamento. Minha namorada e eu sempre brincamos sobre esse futuro que pode chegar, idealizamos os nomes dos nossos futuros filhos e até chegamos a querer ditar seus comportamentos, como se fosse possível. Mas, pelo menos sonhar e tentar enxergar como nosso futuro de casados será é razoavelmente possível. E isso me instigou com a presença daquele casal no consultório. Imaginei se eu seria descansado com relação a determinados tipos de assuntos familiares que as mulheres geralmente são mais dedicadas. Achei estranho a presença dos dois no consultório com os filhos, quando a quantidade de mães que levam os filhos ao médico é superior aos pais no Brasil. Mas logo percebi que o pai também ia se consultar.

Fiquei observando o comportamento tanto dos meninos quanto dos pais. Em alguns momentos realmente me vi abraçando e brincando com um dos meninos. Vi também Ingridy reclamando com a recepcionista sobre a autenticação e querendo ir reclamar na sede do convênio logo após sair dali. Parecia mesmo que o futuro tinha aberto uma lacuna e estava se desvendando diante de mim. E claro, dois meninos como sempre imaginei. Faltava só a menina. E Ingridy faria de tudo para tê-la. Tudo bem. Eu também depois de algum tempo venho desejando muito uma garotinha. E minha análise continuava. Buscava entender o comportamento deles e comparar com algum traço tanto meu como de Ingridy.

De repente o mais velho pergunta ao pai a hora. Talvez para testar o filho ou para mostrar que ele já conhece as horas, o pai o mostrou o relógio do consultório e mandou ele mesmo olhar a hora. Para surpresa geral, o garoto se confundiu e não soube dizer a hora, porém o mais novo se virou no mesmo momento para o relógio e informou exatamente a hora. Aí já me carregou para uma outra visão. Me senti o garotinho que perdia do mais novo algo tão simples. E por que isso? Sou filho único por parte de mãe e o excesso de amor e cuidado talvez tenha me travado em algum momento da vida aliado a uma imensa timidez. Mas aí também analiso. Os filhos mais novos geralmente são mais espertos e conseguem desenrolar mais rápido do que os mais velhos. Talvez por aprenderem valores morais ao mesmo tempo em que o mais velho aprende, e por não serem tão superprotegidos e detentores de todas as atenções.

Quando a mulher engravida é motivo de festa para toda a família. O primeiro filho, o início de uma outra etapa na vida de muita gente. É a mulher que vira mãe, a mãe que vira avó. É realmente uma fase de muitas mudanças e alegrias. E quando a criança nasce então, todas as atenções são voltadas para ela. É um “nenhenhem" pra cá e pra lá o tempo todo. A criança se torna a mais bonita, a única notícia da família para os amigos e as únicas fotos que enchem os álbuns e enchem também a paciência dos vizinhos. E até a chegada de outro, a criança carrega essas regalias, que podem ou não ser benéficas para ela. Daí quando chega o segundo, o terceiro, a empolgação acaba, perde a graça e a criança cresce querendo buscar dos familiares essas atenções que não tiveram. Talvez por isso se dediquem em aprender mais rápido e mostrem que são até capazes de superar o irmão, naquelas famosas rivalidades entre irmãos.

E assim trouxe minha imaginação de volta à minha realidade no consultório. Percebi que embora parecidos ou supostamente idealizados como meu futuro, aquele casal não era a minha realidade, ao menos por enquanto. E mesmo que um dia chegue em algum consultório com minha mulher e meus filhos, talvez não seja nada parecido com o que imaginei. Quem sabe ao invés de quietos, as crianças sejam impulsivas e barulhentas? Ou eu seja o preocupado e Ingridy a relaxada. Quem sabe as crianças sejam cobertas de mimos de um pai tão babão e minha mulher tente controlar esses vícios sem sucesso? Quem sabe? Quem sabe? É, o futuro é escuro. Não posso fantasiá-lo e idealizar algo que pode nunca acontecer. Só espero ser feliz e conseguir constituir uma família alegre, saudável e cheia de disposição e poder acompanhar cada passo dessa etapa da vida que tanto arquiteto. Afinal, quem decide se na história da educação e participação do crescimento dos filhos o pai será o mais ausente somos nós, e se depender de mim Ingridy terá um forte concorrente.

2 comentários:

  1. Amor,nunca imaginei que voce fose fazer uma cronica sobre nossos assuntos pessoais...
    Que belas palavras voce usa pra definir a vontade de ter nossosfilhotes, mesmo sem saber quando o teremos, porém já são muitos querido or seus futuros pais não? Poso dizer que o pai de Giulio, Ryan e Louise foi escolhido a dedo!Voce preenche todos o requisitos e mais alguns.
    Se eu tivesse aqui talvez nem izese esse comentario pois o faria pessoalmente, melhor né?
    Amor, já imaginou um dia a gente contando tudo isso a eles? E o tanto de nomes que já pensamos pra eles? Dariam boas gargalhadas!!!
    Não sei se serei tão protetora quanto voce mas que lutemos pra te- los e juntos criarmos a nossa maneira. Espro que nao demore muito!
    Mila Louise nem nasceu e já quer saber quando os dela se casam imagina só! Isso é que é tecnologia...kkk
    Te amo...

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  2. Ow coisa lindaaa,
    Samuca vc é uma pessoa
    muito especial.

    bjooss

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